quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

O futuro incerto do touchscreen

Pesquisas revelam o possível fim do touchscreen em 2020!

Um toque e um deslizar sobre a tela, e um novo mundo se abre na ponta dos seus dedos. E-mail, redes sociais, sites de notícias: navegar na web nunca foi tão fácil graças à tecnologia touchscreen dos mais recentes aparelhos móveis. Os donos desses produtos não precisam de muitos motivos para demonstrar as funções superiores de seus aparelhos. A tela sensível ao toque é rápida, é divertida, é o futuro!

No entanto, o touchscreen pode virar passado em pouco tempo, se não formos cuidadosos. Os gadgets atuais com tela touchscreen, assim como todas as telas de cristal líquido, dependem das propriedades incomuns de um único material, um híbrido metálico cujas fontes podem se esgotar em menos de uma década. E não são apenas as telas que estão sob ameaça. Células solares e LEDs de baixo consumo, ambos partes centrais da estratégia de energia com baixa emissão de carbono, podem também ser afetadas. Não é surpresa, portanto, que empresas e laboratórios no mundo inteiro estejam lutando para encontrar um substituto.

Se isso é novidade para você, é provável que nunca tenha ouvido falar no material que está causando toda essa confusão. Uma mistura de dois óxidos metálicos, chamado óxido de índioestanho (OIE) é o material que engenheiros eletrônicos amam odiar. Seu componente principal, o índio, é um subproduto da mineração de chumbo e zinco, difícil de ser encontrado e bem caro. Quando chega à fábrica, sua fragilidade e sua falta de flexibilidade o tornam quase impossível de trabalhar.

Ainda assim, suas qualidades fazem os defeitos serem esquecidos. De maneira mais específica, trata-se de um raro exemplo de material que é, ao mesmo tempo, condutor de eletricidade e opticamente transparente, o que significa que não absorve fótons de luz. A absorção ocorre quando a energia do fóton corresponde ao que é necessário para deixar o elétron em estado de excitação. Num condutor metálico, isso quase sempre acontece. Assim, quase todos os metais são altamente absorventes, mas completamente opacos.

O que não acontece com o OIE. É transparente como vidro, mas também conduz, não tanto quanto a maioria dos metais, mas o suficiente. Essa característica o torna onipresente em aparelhos eletrônicos modernos que manipulam a luz. Nos televisores de tela plana, cada pixel é ligado ou desligado por um par de eletrodos de OIE transparentes. Nas finas células solares, a camada de absorção de luz precisa de um eletrodo na frente e atrás para formar um circuito e converter a luz em eletricidade.

As telas sensíveis ao toque são as mais recentes inovações que dependem do OIE. Os primeiros gadgets que usaram touchscreen foram vendidos com uma caneta e duas camadas de OIE separadas por um pequeno vão. O toque nessa tela “analógica e resistiva” com a caneta colocava as duas camadas em contato, permitindo que uma corrente passasse e fosse detectada pelo aparelho. O atraente aparelho em seu bolso explora o fato de que seu dedo é condutor para poder ficar livre da caneta. O toque na tela modifica sua capacitância naquele local, uma mudança que é percebida por uma camada simples de OIE. Essa inovação foi a verdadeira evolução, diz Lawrence Gasman, analista da NanoMarkets. “Sensibilidade a múltiplos toques realmente modifica o mercado de smartphones”, afirma.

Mas por quanto tempo mais poderemos contar com o material por trás dessa maravilha? Ninguém sabe ao certo quanto mais de índio existe no mundo, diz Thomas Graedel, da Universidade de Yale, que chefia o grupo de trabalho do programa das Nações Unidas sobre fluxo internacional de metais.

Em parte, isso acontece porque o índio é apenas um subproduto da mineração e nem todas as minas se dão ao trabalho de recuperá-lo. A pesquisa geológica dos Estados Unidos estima que as reservas mundiais de índio cheguem a 16 000 toneladas e estão em sua maioria na China. A divisão desse total pelo volume que estamos usando do material, sugere que as reservas serão consumidas completamente até 2020.

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